
Alice no
País das Maravilhas
Origem da Obra
Em 1862, Lewis Carroll passeava de barco com seu amigo Robinson Duckworth e as três filhas do vice-chanceler da Universidade de Oxford. Para distrair as meninas, contou-lhes uma história de improviso, sem pretensão alguma.

Alice

Uma das três irmãs presentes no barco era Alice Pleasance Liddell, de dez anos. Quando Carroll contou a história que tinha Alice como protagonista, a garota gostou tanto que pediu para que ele a escrevesse.
Diz-se que a garota inspirou sua personagem principal, e apesar de o autor ter dito em vida que não teria se inspirado em nenhuma criança real, existem muitos fatores que nos fazem pensar o contrário.
As datas das publicações das histórias de Alice, por exemplo, são marcantes: Alice no País das Maravilhas é datada de 4 de julho, dia do aniversário de Alice Liddell; e Alice Através do Espelho é de 4 de novembro, seis meses após seu aniversário. Além disso, no segundo livro a personagem diz que tem sete anos e meio, idade que a garota real teria na época.
Como se não bastasse, ambas as obras foram dedicadas a ela e no final da segunda existe um poema em que as letras iniciais de cada verso formam o seu nome completo.
História
A obra conta a história de Alice, uma menina que, entediada, persegue um coelho e cai em sua toca, que a transporta para um lugar fantástico. Povoado por criaturas peculiares e antropomórficas, revela uma lógica onírica e a coloca em diversas situações que provocam diferentes sensações.

Enigmas
Ambos os livros infantis de Carroll contêm inúmeros problemas de matemática e lógica ocultos no texto. Em Alice no país das maravilhas, muitos enigmas contidos em suas obras são quase que imperceptíveis para os leitores atuais, principalmente os não-anglófonos, pois continham referências da época, piadas locais e trocadilhos que só fazem sentido na língua inglesa.Por exemplo, no capítulo 9, o Grifo (animal mitológico) diz quantas horas por dia estudava: "Dez horas no primeiro dia, nove no seguinte, e assim por diante". Alice responde: "Nesse caso, no décimo-primeiro dia era feriado?" Ela está certa.

Primeira edição
A tiragem inicial de dois mil exemplares foi removida das prateleiras devido a reclamações do ilustrador sobre a qualidade da impressão e a segunda, disponibilizada no ano seguinte, esgotou-se rapidamente, tornando-se um grande sucesso. O livro foi lido por Oscar Wilde e pela Rainha Vitória.Na vida do autor, o livro rendeu cerca de 180 mil cópias, foi traduzida para mais de 125 línguas e só na língua inglesa teve mais de 100 edições. A primeira impressão do livro (que fora rejeitada) foi leiloada por 1,5 milhão de dólares.

Influência da universidade
A maior parte das aventuras foram baseadas e influenciadas em pessoas, situações e edifícios de Oxford e da Christ Church. Por exemplo, o Buraco do Coelho simbolizava as escadas na parte de trás do salão principal na Christ Church e acredita-se que uma escultura de um grifo de um coelho presente na Catedral de Ripon, onde o pai de Carroll foi um membro, forneceu também inspiração para o conto.

Publicação
Lewis escreveu um manuscrito e foi apenas pela insistência de alguns amigos e escritores que decidiu publicá-lo, mas diferente da versão original. Entre algumas mudanças, aumentou o número de palavras de 18 mil para 35 mil, e acrescentou detalhes nas partes do Gato Cheshire e do Chapeleiro Maluco.

Sucesso

Ao longo do tempo, a obra foi ganhando novas versões e adaptações. Já são mais de 20 produções cinematográficas de Alice no País das Maravilhas, sendo a primeira de 1903, em um filme mudo dirigido por Cecil Hepworth e Percy Stow. As mais famosas são a versão dos Estúdios Disney, de 1951, e de Tim Burton, de 2010 - que chamou a atenção para a história novamente, fazendo com que editoras como Cosac Naify e Zahar produzissem várias novas edições do livro.
Dos entendimentos mais inocentes aos mais complexos, existem pessoas que acreditam que Alice era esquizofrênica, vivia em um sanatório e a toca do coelho era a janela de seu quarto, onde passou toda sua vida e de onde desejava sair para conhecer o mundo.
Outros dizem que as transformações corporais sofridas por Alice são uma metáfora para o crescimento de meninas com a chegada da puberdade, oportunidade para inúmeras interpretações psicanalíticas.
O fato é que existem milhares de interpretações sobre a obra de Carroll e com o passar dos anos novas visões aparecem, o que é fascinante.
A obra fez tanto sucesso que Carroll decidiu escrever a continuação, que deu origem as obras Alice Através do Espelho e O Que Alice Encontrou Por Lá, publicados em 1872.